domingo, 20 de janeiro de 2008

Poemas de Berenice Sica Lamas

paisagem em preto e branco, Rosa Marques verbavisual


O curso A precisão do Impreciso tem agora a sua versão virtual. A poeta Berenice Sica Lamas, desde a Itália, faz oficina comigo. A experiência está sendo bastante interessante, e como pequena amostra deste nosso diálogo, aí vão alguns poemas inéditos da autora de Ampulheta (2007,http://www.casaverde.art.br/):



Terça


cortinas vermelhas
filtram a
claridade do sol
através de antigos vidros

o quarto é banhado
de delicado rosado

eu, que prefiro tons
azuis verdes violetas

me perco
nesta floresta
cor-de-rosa


Quarta

Carissima
sou linha ininterrupta
interrompida
desculpa a cara fechada
continuo verde e violeta
livros se acumulam e eu me despedaço
um pouco aí, um pouco cá
porem com dois pés na terra
aliás, a terra aqui também não vai bem
de saúde
n’água peixes morrem
uma coisa é certa: esqueci os desafetos
é mais saudável para o fígado
inquietude desassossego
presentes no cotidiano
de minha cadeira vejo o mundo
hoje não tenho conselhos
esta fazendo um ano que cheguei
a outro centro de gravidade
saudade de nosso céu
beijos
Arcobaleno


Quinta



crianças se revoltam
no parquinho
lutam para se livrar das mães
opressoras

passantes cumprem seu papel e
passam
pássaros não voam às estrelas
na tosca aldeia

e o pinheiro
adentra galhos
ao shopping
dio mio, árvores
aderindo ao consumo?

Berenice Sica Lamas, 2008