sábado, 31 de maio de 2008
um poema a dez ou doze mãos feito em 5 minutos
fruto da manhã
stela
alba posta em ramos
só
espera por ti
conjunto sideral
o mosaico de estrelas
concêntrica luminosidade
desiderato
destino em vórtices,formas, signos vãos
sortilégios gravados
na escuridão do infinito
solta no espaço
nem sempre
teu fino brilho
tem seu lugar
balburdia
ouço vozes
silêncio
balbucios
buzina alerta
o tempo corre
um olhar em vigilia
vago
vazio de desejo
vara a noite
insone
inquieto
desassosegado
sábado, 24 de maio de 2008
exeperimentos com a meia sextina
SEXTINA É um poema de forma fixa inventado no século XII,provavelmente pelo trovador Arnaut Daniel. A sextina éum espécime típico do know-how poético da Provença. A forma da sextina se caracteriza por uma “magreza” de expressão no que respeita aos recursos disponíveis aopoeta. A extrema limitação de meios e a estrutura recorrente, criam uma série de desafios a imaginação do poeta.
Vejamos: a sextina ortodoxa dispõe-se em seis estâncias de seis versos (aqui experimentamos apenas três estrofes, por isso a "meia sextina" do título) e um terceto final, espécie de envoi. Os versos terminam não em rimas propriamente ditas, mas em palavras-rima que obedecem a uma distribuição padronizada: a última palavra-rima de cada estância se repete no final do primeiro verso da estância seguinte. As palavras derradeiras dosversos da primeira estância recorrem, noutra ordem, sempre no fim das demais estâncias.
1
Quando a morte tocar a vida
Fará deslocar a pedra
E mudará o rumo do jogo
Do corpo inerte, coberto de musgo
Sobrará arrependimento
E buscará o caminho do mar
Quando a noite mergulhar no mar
E não encontrar nem vida,
Nem corpo, nem musgo,
Mudará o revés do jogo
Destruirá de vez com a pedra
Dogmática do arrependimento
E sem mais arrependimento
Libertará a alma da pedra
Mudará o resto do jogo
Livrando-a também de todo o musgo
Aí sim, alcançará a vida
Quando o dia mergulhar no mar
(Sinara Marques)
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2
volta e meia revôlta vida
caminho marcado a pedra
troca, veia e jogo
verde, terra e musgo
as costas vincadas do arrependimento
funduras azuis de mar
nas azuis funduras do mar
como sói acontecer na vida
às vezes se encontra o musgo
colado aos dados do jogo
outras vezes se acha só pedra
ou frágil taça breve de arrependimento
se sorvo o quanto do arrependimento
rolando na vida feito pedra
sorte e azar figuram no jogo
me esparramar aprendo, feito musgo
escorrendo pelos caminhos da vida
vai e vem, ondas do mar
(Deisi Beier)
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3
É tarefa de toda uma vida
Sermos em tudo diferente da pedra
Mais do que a consciência o desejo conduz o jogo
Resvalando na sua escorregadia fluidez de musgo.
Estamos a todo o momento refém do arrependimento
Prestes a ser engolido pelo mar.
Cambiante e fluida a imagem do mar
Trágica e épica como a Vida
Ora sombrio e traiçoeiro como musgo
Ora, como parte de um indecifrável jogo,
Som e fúria de suas ondas no ar e na pedra
Fonte de dores, amores e arrependimento.
Libertar-se das cadeias do arrependimento
Sair da posição catatônica de pedra
Não é tudo, mas é parte importante do jogo.
Tropeçar na pedra drumondiana, resvalar no musgo
E levantar para continuar a trajetória de uma vida
Que os poetas procuram, bem ou mal, emoldurar com a imagética do mar.
(Jorge Alberto Benitz)
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4
pensamentos cheios de vida
um caminho uma pedra
brinca o tempo suave jogo
brisa calma de verde musgo
arrepio pende sem arrependi mento
mergulho inteiro eu só o mar
tranqüilo inquieto lambe o mar
te observa a vida
estende a mão sobre o lado musgo
doce menino não conhece o jogo
fria pedra arre pendi mento
sem nenhum arrependimento
rola o tempo rola a pedra
viciou-se sentir musgo
renasce quase morta a vida
reflete puro o mar
(Jackeline Gay)
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5
Na descoberta da vida
Sigo o destino da pedra
Desafio num jogo
Onde o musgo
Do tempo do arrependimento
Foi sepultado no mar
Navego por este mar
Que me devolve à vida
Tento extrair a tempo o musgo
Com passos seguros como num jogo
Para não escorregar na pedra
Obscura do arrependimento
Chega um tempo sem arrependimento
Talhado na pedra
Teu nome faz parte do jogo
A rolar soltando o musgo
Temporário da vida
No fundo do mar.
(Ângela Warlet)
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