algo de sentimento mal-quebrado meio mar
meio sal extemporâneos de visgo verde-musgo
deitam-se contigo cancelizam-se dentro ao jogo
furtivo do rompe-ciclos fazem-se e permitem-se ser algo vida
que mesmo malbaratada são pois algo feito pedra
nasce sob a face do esquecimento algo pra além do arrependimento
algo simples algo chão que se nos destampa o arrependimento
contrito de tanto conhecer-se atônito de tanto te querer vira mar
grande mar pra além do mar re-sentindo-se ao saber-se vida
vida que comporta-se algo torta pura e imprecisa jogo
que coabita em todo o lugar rastro incerto na água do prende-musgo
dando-se ao desejo de ser algo mais que do que é pedra
mesmo que feita de incerteza mesmo que esquecida pedra
é o que é e no torvelinho do desespanto a lua feito vida
come horas cansadas horas partidas rompidas de arrependimento
brando e branco feito olhos que se desreinventam no fim do jogo
perene da sorte crescida e vertida em tão somente seco musgo
e contudo algo de sol – solinho – inda quer se acordar por sobre o mar
quinta-feira, 17 de julho de 2008
domingo, 29 de junho de 2008
Sextina de Erika Almeida
Incessante expulsa a vida
Do amontoado arremessa a pedra
Cria neste instante o abismo do jogo
Saída de emergência escorregadia como o musgo
No patíbulo o destino sem nenhum arrependimento
Páginas em branco afogadas no mar
Transpondo altas espumas desse mar
Trança ensurdecida nas ondas da vida
Gemidos se agarrando na borda do musgo
Fugindo, fugindo das regras do jogo
Impossível amarrar o laço à pedra
Como desarmar o temor, o arrependimento?
Da sina dos que ficam brota o arrependimento
A algema das algas pesa como pedra
Resistir a esta força não tão visível é o jogo
Deportar a razão, tornar-se musgo
Deixar-se a deriva, sem ser vencido, é vida
Enquanto contempla o destino dança no mar
Do amontoado arremessa a pedra
Cria neste instante o abismo do jogo
Saída de emergência escorregadia como o musgo
No patíbulo o destino sem nenhum arrependimento
Páginas em branco afogadas no mar
Transpondo altas espumas desse mar
Trança ensurdecida nas ondas da vida
Gemidos se agarrando na borda do musgo
Fugindo, fugindo das regras do jogo
Impossível amarrar o laço à pedra
Como desarmar o temor, o arrependimento?
Da sina dos que ficam brota o arrependimento
A algema das algas pesa como pedra
Resistir a esta força não tão visível é o jogo
Deportar a razão, tornar-se musgo
Deixar-se a deriva, sem ser vencido, é vida
Enquanto contempla o destino dança no mar
quarta-feira, 18 de junho de 2008
Receita
Se fluir inspiração
concentre idéias
formule frases
divida em palavras
um infinito qualitativo
[ é a chave]
sirva-se de sinônimos
fala igual
mas diferente
acrescente metáforas
(se precisar entre parentes)
fica lindo
raciocínio ao quadrado
não se perde em cantos
subtraia fatores
simplifique
o resto é poema.
Sinara Marques
concentre idéias
formule frases
divida em palavras
um infinito qualitativo
[ é a chave]
sirva-se de sinônimos
fala igual
mas diferente
acrescente metáforas
(se precisar entre parentes)
fica lindo
raciocínio ao quadrado
não se perde em cantos
subtraia fatores
simplifique
o resto é poema.
Sinara Marques
domingo, 15 de junho de 2008
Sobre Renga
O RENGA é um tipo de diálogo cantado e uma espécie de divertimento folclórico em que se misturam os elementos lírico, cômico e satírico. Surgiu no início do século XII, apreciado pelos poetas da corte e sociedade aristocrática de então.
A composição de haicai como é praticada hoje, é resultante do “haicai do renga” (ou tanka), muito usada antes de Bashô. Era um poema coletivo, em que um poeta compunha a primeira estrofe (hokku), um terceto com 5-7-5 sílabas (ou sons). Em seguida, outro poeta compunha a segunda estrofe, um dístico de 7-7 sílabas (ou sons). Assim cada poeta que chegava escrevia um dístico de 7-7 sílabas, após um (hokku), atingindo a centenas. Levavam anos para completar o poema. Bashô, século XVII, fez escola e consolidou o haicai, essa poesia essencialmente sintética muito popular no Japão.
A composição de haicai como é praticada hoje, é resultante do “haicai do renga” (ou tanka), muito usada antes de Bashô. Era um poema coletivo, em que um poeta compunha a primeira estrofe (hokku), um terceto com 5-7-5 sílabas (ou sons). Em seguida, outro poeta compunha a segunda estrofe, um dístico de 7-7 sílabas (ou sons). Assim cada poeta que chegava escrevia um dístico de 7-7 sílabas, após um (hokku), atingindo a centenas. Levavam anos para completar o poema. Bashô, século XVII, fez escola e consolidou o haicai, essa poesia essencialmente sintética muito popular no Japão.
Renga
overdose de ovo
mundo mal vazando-se
doce-terno
vem
clara ânsia
válvula de escape
compulsão em doses enfáticas
estratagema
de fastio
inexistente
duas faces
sopro cósmico
de fecunda felicidade
Tédio
jaula de ar
barco preso na calmaria
Arrebentação em nós
resquícios de um tempo
nas pedras do cais
casca do tempo
azoto de ovo cru
Grão ducado do castelo do pântano
mundo mal vazando-se
doce-terno
vem
clara ânsia
válvula de escape
compulsão em doses enfáticas
estratagema
de fastio
inexistente
duas faces
sopro cósmico
de fecunda felicidade
Tédio
jaula de ar
barco preso na calmaria
Arrebentação em nós
resquícios de um tempo
nas pedras do cais
casca do tempo
azoto de ovo cru
Grão ducado do castelo do pântano
sábado, 14 de junho de 2008
Apenas para quem escreve,lembro as palavras da poeta e amiga Ana Mariano que um dia citando Drummond me disse:"Penetra surdamente no reino das palavras,lá estão os poemas que esperam ser escritos.Estão paralisados,mas não há desespero ,há calma e frescura na superfície intacta."
2 POEMAS RECENTES DE ANGELA WARLET
ROLANDO
Frágil âncora de ossos e sofrimento
dobrada em tristes raízes
pequena pedra,coisa pensante
fragmento de um tempo
vivo de um sonho
Na nave mágica
Universo a desvendar
relevos,praias distantes
sutil forma
Tudo tão fulgurante
imenso mundo
na úmida areia
no limiar de um cais.
( angela warlet )
SEMPRE
Nunca te senti inteira
desde que nasci procuro-te
tempo, vida
matiz de dentro
Tua garra
desfolhando os dias
tecendo passos de sonhos
alvorecendo ilusão
Esperança
minha, tua
ponta dos dedos,pulsão
A rasura do texto
coagulada emoção
vestida em capuz de cego
até quando?
( angela warlet )
2 POEMAS RECENTES DE ANGELA WARLET
ROLANDO
Frágil âncora de ossos e sofrimento
dobrada em tristes raízes
pequena pedra,coisa pensante
fragmento de um tempo
vivo de um sonho
Na nave mágica
Universo a desvendar
relevos,praias distantes
sutil forma
Tudo tão fulgurante
imenso mundo
na úmida areia
no limiar de um cais.
( angela warlet )
SEMPRE
Nunca te senti inteira
desde que nasci procuro-te
tempo, vida
matiz de dentro
Tua garra
desfolhando os dias
tecendo passos de sonhos
alvorecendo ilusão
Esperança
minha, tua
ponta dos dedos,pulsão
A rasura do texto
coagulada emoção
vestida em capuz de cego
até quando?
( angela warlet )
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